A luz e a gravidade conjugaram-se nestas portentosas imagens. A luz, emanada a partir da longínqua estrela, com os seus imensos fotões ricocheteiam (outros são absorvidos) sobre os incontáveis obstáculos, e outros tantos a escaparem por entre as aberturas para permitir uma projecção descomunal dos anéis sobre o Hemisfério Norte do planeta. O dia e a noite omnipresente na imagem, marcadas pela solidão da lua Mimas, titã morto por Hércules. O enfraquecimento do tom azulado do Hemisfério Norte para o mundo da escuridão... Um mundo, uma lua, os anéis impassíveis à presença de Cassini. Uma imagem que começou quando Galileu apontou o seu telescópio para o planeta com "orelhas" e, hodiernamente, temos a sorte e oportunidade de apreciar esta vista quase surrealista. E a gravidade.... a gravidade que mantém todas as coisas universais juntas, que abraça o Universo, abraça aqui os milhares de milhões de pequeníssimos pedaços de gelo e rocha. As densidades de onda e a ressonância orbital constroem aquele penteado gravitacional anelar que parece meticulosamente preparado por um Zeus no seu Olimpo... Regressando a este ponto onde vemos o planeta dos anéis... um dia, a Terra poderá abraçar os inúmeros resíduos lunares quando o satélite passar o limite de Roche e os saturnianos poderão apreciar algo similar...
Não deixem de admirar sempre o Universo que nos rodeia. Se deixarmos de fazer isso, que mais nos restará?